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Automutilação e adolescência: papel das redes sociais

De 13 a 23% do adolescentes apresentaram automutilação não suicida nos EUA.

Em artigo anterior procurei estabelecer um panorama geral do que é automutilação e suas características clínicas. Hoje vou falar sobre o impacto destes sintomas numa população especial que são os adolescentes e suas relações com as redes sociais.

Automutilação e adolescência

A automutilação nos adolescentes tem início por volta dos 12 aos 14 anos e tem como intenção lidar com sentimentos como tristeza, angustia, ansiedade e até mesmo confusão mental. Pesquisas realizadas nos Estados Unidos apontam que de 13 a 23% dos adolescentes apresentaram automutilação não suicida.
A adolescência é um período de mudanças pessoais, comportamentais e de processamento neuropsiquiátrico chamado de poda. Este processo consiste na reformatação do cérebro de uma criança/adolescente para se tornar um cérebro adulto. Entende-se por cérebro adulto aquele capaz de lidar com os desconfortos inerentes a vida, cumprir regras, se submeter a normas e ser capaz de conviver em sociedade.
Porém, temos visto em nossa população de adolescentes dificuldades em se desenvolver adequadamente para um cérebro adulto. Aqui gostaria de apontar um estímulo ambiental que poderá interferir neste amadurecimento: as redes sociais.

As Redes Sociais

Podemos dizer que as redes sociais podem ajudar como também prejudicar levando ao aparecimento das automutilações bem como em sua manutenção. Ao se conectar nessas mídias com o intuito de descobrir o universo de pessoas que possuem o mesmo comportamento de automutilação, o adolescente encontra um ambiente que pode estimular a repetição do comportamento ao invés de trazer explicação e alívio para enfrentar esta doença. A visualização de conteúdos de automutilação pode ser um comportamento reforçador e levar a um gatilho na repetição deste comportamento.
Portanto, sites ou conteúdos de mídias digitais que contenham automutilação ou estímulos ao suicídio elevam em até 11 vezes a chance do adolescente se mutilar. E a partir desta evidência, o ciclo de vergonha com o corpo ferido associado a sentimentos de angustia e ansiedade perpetuam este comportamento com desfechos imprevisíveis.

Como ajudar

Para desmistificar o tema, seguem algumas orientações em como podemos ajudar estes jovens:

  • Explicar ao adolescente de que ele não está sozinho. Estimular a procurar um profissional de confiança para relatar o problema e ser encaminhado para tratamento.
  • Que apesar de estar passando por um momento difícil em sua vida, encorajar o adolescente a melhorar.
  • Descobrir o que estressa o adolescente e que pode levar a automutilação. Estimular o adolescente a pensar em outras coisas que façam evitar a automutilação.
  • Procurar ajuda profissional especializada. Estes profissionais são psicólogos e psiquiatras especializados no atendimento de adolescentes que ajudarão a diagnosticar e tratar os comportamentos de automutilação bem como outros quadros associados como ansiedade, depressão, transtorno de personalidade, transtorno afetivo bipolar entre outros.

Nós do Espaço Figueira Branca possuímos uma equipe capacitada e treinada a fazer o diagnóstico e o acompanhamento das pessoas com estes transtornos bem como orientar os familiares e responsáveis de como ajudar aqueles que padecem da automutilação e de outros transtornos mentais.